Insanidade Implícita
Gosto de percorrer meus dias
A brincar como aos poetas
Dispersando o olhar em trémula ilusão
Afogando nele o pensamento tristonho
E enquanto assim finjo que sonho
Afago o coração.
Deixo-me embalar
Como quem chora,
Sem sequer me preocupar
Em saber porque o faço.
Depois rasgo ainda
Tudo que no papel escrevi
Pois não me arrogo o direito
De aprisionar a palavra
Mesmo que em mísero traço.
Impossível encontrar maior desperdício
Que este de escrever um poema.
Como pode haver perda maior
Se ela reflete em si mesma um sacrifício!
Dissipa-se o tempo
os sentimentos esfumam-se
E nada mais fica
Além da tortuosa recordação
Desse inexorável tormento.
setter-oespelhodaalma.blogspot.com
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